quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Visão do Contemporâneo

por Géssika da Silva Araujo

Espremedor de laranja de Philippe Starck
É difícil para mim que posso me considerar designer de “alma renascentista”, se é que isso é possível, falar sobre o design contemporâneo, a começar que por alguns pontos o moderno e o contemporâneo não são de todo distintos, basicamente o que os dividem são períodos históricos e troca de conceitos, mas como você olhando para o espremedor de laranja de Philippe Starck uma pessoa vai compreender os conceitos que ele aplicou naquela pequena “sonda aracnídea” que deveria ter como função extrair o sumo da laranja, só que além de ser cara não cumpre bem a função, digo por experiência própria, o treco além de desperdiçar maior parte do sumo, que respinga para fora do recipiente porque não existe proteção, em geral fica como enfeite no armário da cozinha da minha cunhada que não o usa, adivinha por quê? Não... Infelizmente não é porque o treco não funciona, afinal, ela nuca o usou, porque só o comprou por ser de um Design Moderno famoso... Mas pêra ai!? Eu estudei a pequena “sonda aracnídea” em Design Pós-Moderno, o que seria o popular Design Contemporâneo... Seria minha cunhada consumista demais a ponto de comprar algo só porque era caro e famoso? Ou a população se perdeu entre as definições conceituais dos movimentos artísticos culturais que influenciam no design?
Stefan Wewerka, cadiera de aula 1970
Eu diria que as duas coisas, não que eu não goste da minha cunhada, mas ela é de fato consumista para si mesma e murrinha para com os outros, porem não é ela que está em xeque por aqui, o que eu busco por em ênfase aqui seria o conceito do design e arte contemporânea que não é claro para o publico, e como eu já disse no inicio, para mim que tenho como modelo Da Vince e não Tomás Maldonado, fica meio difícil por que considero do que é produzido de arte e design contemporâneo 50% lixo, 25% é material reciclável (as vezes literalmente), 15% é funcional, 8% “legalzinho” e apenas 2% está ótimo, mas é aquele negócio, Van Gogh era tachado de maluco, hoje ele é um ícone do impressionismo, pra mim ele só foi mais uma vitima da falta de capacidade das pessoas de compreenderem e valorizarem um trabalho bem feito ao invés de ficarem admirando uma coisa mal feita, e sabem porque olham para a coisa mal feita? Porque está feia ora bolas, se tiver uma cadeira reta e uma torta numa sala você vai falar primeiro da torta, sabe por quê? É porque ela ta torta, não dá pra sentar! Quem em sã consciência ia desenvolver uma cadeira que não dá pra sentar? Werner Nehls criticava o funcionalismo dizendo que agora o design deveria ser orgânico, colorido, emotivo, irracional, feminino, não discordo dele, é uma boa critica e a cadeira de Stefan Wewerka é uma boa forma de criticar, mas se as pessoas não souberem ou não entenderem que essa cadeira “derretida” é uma critica, esses caras vão parecer para essas pessoas loucos assim como Van Gogh foi.
Cartaz promocional revista tipográfica FUSE
"umas das poucas peças contemporâneas
que  está na minha lista de aprovados"
Mas hoje como tudo isso é normal basta dizer, “Ah! É Design/Arte Contemporânea”, como se isso significasse, “Ah! É para não fazer sentido” ou “Não isso ta certo, é para ser estranho assim mesmo”, mas dessa forma lá se vai o conceito para o ralo, pois as pessoas se quer vão se perguntam, porque está torto? Porque tantas manchas? Porque o cara escreveu com navalha num corpo nu? A critica se foi e ficou apenas a irreverência, que não tem valor algum sem ter o porque ser irreverente, mas não deveria a arte emocionar e o design tornar a vivencia mais fácil? É possível conciliar tudo isso e ainda sim tornar o objetivo, o conceito, mais claro para as pessoas, principalmente na sociedade de hoje onde a informação corre livre pela internet, basta apenas ir atrás, mas não são todos que param para analisar essas coisas, e isso ocorre tanto do lado dos designers, como do lado do publico.
Eu não gosto da arte contemporânea, principalmente porque virou moda explicar uma obra inexplicável apenas dizendo que é conceitual, muito cômodo não? Mas isso não significa que eu não reconheça que existem artistas conceituais bons, designes irreverentes coesos, objetos contemporâneos funcionais e peças complexas que possuem seu objetivo visível em sua composição, é tudo, ao meu ver, uma questão do artista ou designer se fazer entender e não força onde não é possível ser entendido, fazendo assim com que as pessoas apreciem sua obra não por conta do seu nome ou fama, mas por sua obra é boa.

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