segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Um lado não muito conhecido


Alan de Carvalho


Muitas vezes fui abordado com as seguintes perguntas: o que é Design? O que faz um Designer? Já ouvi comentários de que o Design não passava de uma profissão fútil, incentivadora do consumismo exagerado. Diante de tais afirmações surge então a reflexão; o porquê do Design?

Ao analisar o mundo das “artes” perante outras profissões, podemos notar que esta é de suma importância desde a.C, pois está sempre quebrando tabus, abandonando e recriando novas tendências, de certa forma abrindo os olhos da sociedade para seus próprios erros, ajudando pessoas a “evoluírem” sua mentalidade. Acredito que um dos desafios do Design contemporâneo é o de ser um elo entre as artes e a sociedade, o de levar novos conceitos, novas reflexões, novas formas de ver o mundo a sua volta. Porém, ao olhar sem questionar não é possível ter essa visão, pois o Designer contemporâneo muitas vezes é emblemático, não se prendendo a regras, caracterizado por ser bem humorado, irônico, contrariando assim a visão utópica dos modernistas. De certa forma essa ironia utilizada pelos Designers de hoje vem agregada de idéias e conceitos que nos fazem refletir, basta olharmos de forma mais crítica, tanto para questões mais sérias como para aquelas aparentemente sem importância.

Um grande exemplo de Design e responsabilidade social é o Designer Thomas Lupo, um designer alemão que criou um projeto de inclusão social aplicada com as crianças do Morro do Papagaio, em Belo Horizonte.
Reportagem da revista ABCDesign -
“Durante 112 dias, Lupo produziu com as crianças trabalhos usando variados meios como caixas de papelão, revistas, tecidos e papéis velhos. Ele também ensinou como fazer as pinholes, e as crianças puderam fazer experimentos independentemente, documentando o seu redor, o que resultou não só em um valor artístico grande como, mas também em uma experiência significativa para elas.
O resultado do projeto é um livro fotodocumentário, chamado Pra Fora/Outward, de 400 páginas, que mistura ilustração, registros dos processos e os trabalhos feitos com as crianças. No entanto, esse trabalho ainda não conseguiu sair do protótipo por falta de um patrocínio e de uma editora brasileira disposta a publicar esse material tão bacana.”
Há um tempo atrás, quando fui à Índia e ao Cambodia, visitei crianças em orfanatos. Essa experiência mudou meu coração e meu jeito de ver o mundo e quanto tive a oportunidade, fiz esse projeto no Brasil. Meu objetivo era usar a arte como forma de ajudar crianças desprivilegiadas dando lhes uma oportunidade de se expressarem num mundo em que ninguém as escuta.”
THOMAS LUPO


   








 Infelizmente é raro vermos esse tipo de atitude em qualquer área, mas é algo que vêm crescendo através de designers como Thomas Lupo, Os Gêmeos, entre outros. E com esse mercado cada vez mais capitalista, com corrupção, desigualdades sociais e tantos outros problemas, é aí que entra um dos papéis da arte e do Design Contemporâneo, de tentar mudar, não necessariamente o mundo, mais de tentar prestar ajuda a quem precisa.

Reportagem completa do trabalho de Thomas Lupo:

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