segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Reflexão sobre o Design Contemporâneo

por Danilo Bezerra de Jesus

O homem acredita, ingenuamente, ser hoje mais contemporâneo do que nunca. Porém, a contemporaneidade sempre existiu no presente de cada período histórico, e a necessidade de sempre afirmar-se mais pertencente ao tempo atual, provém das inseguranças e incertezas sobre aquilo que lhe foge ao controle. A autonomia e fragilidade do homem são aspectos opostos, que se equilibram de acordo com suas experiências, e a segmentação e velocidade do tempo, a consciência da degradação do meio-ambiente e as novas relações de trabalho e consumo impedem uma visão mais sólida da realidade, gerando um sentimento de incompletude e instabilidade no sujeito contemporâneo.

Essa instabilidade é consequência do esgotamento das teorias clássicas de identidade (no aspecto pessoal e mundial), por sua vez causada pelo agravamento de sucessivas transformações em todos os âmbitos sociais, dadas a partir da 1ª Guerra Mundial e potencializadas pelas novas manifestações artísticas e filosóficas ao longo do século XX.

A identidade do sujeito contemporâneo reflete bem a saturação típica do período pós-moderno: o homem é fruto de sua complexidade interna (psicológico) que é influenciada pelo mundo em que está inserido (sistema social, cultura local, moral, crenças, relações de poder). O sujeito contemporâneo seria composto não apenas por um núcleo, mas por vários, cada vez mais fragmentado de acordo com as experiências sociais, leituras sobre o mundo e sobre si.  Núcleos algumas vezes contraditórios ou não resolvidos, selecionados por amostragens ou experiências materiais e afetivas, e que produzem a identidade do sujeito pós-moderno: entediado, nostálgico, debochado, irônico, inconstante e atemporal.

Variações diversas da marca da MTV
Na era pós-guerra, as telecomunicações passaram por profundas transformações, maximizadas por novas tecnologias como os cabos de fibra ótica com poder de transmissão muito maior que sinais analógicos, e por mais de 200 satélites em órbita. O uso de aparelhos celulares e a difusão da internet somam a esses avanços um impacto incrível na veiculação de informação, proporcionando também mudanças sensíveis nas formas de interação. O advento da TV digital, por exemplo, não só permite que o telespectador selecione livremente o que quer assistir,  de que forma, quando e de que ângulo, mas também a possibilidade de fazer compras pelo controle remoto diante da TV. Os aparelhos celulares fotografam e filmam com alta resolução, reproduzem músicas, comportam-se como o vídeo game e computador pessoal.

Ao acompanhar essas transformações, o profissional da área de design precisa estar em constante atualização. Com a disseminação e popularização das tecnologias digitais, o papel do designer não é mais o de dominar tecnicamente as ferramentas disponíveis, e sim o de projetar e idealizar aquilo a ser produzido, utilizando os conceitos de usabilidade, interação e interface no âmbito das novas tecnologias e mídias. Além da divisão comum entre design gráfico e produto, criaram-se novos segmentos, que pudessem atender às necessidades do meio virtual. Design de interação, design de informação, web design e ainda outros, são as áreas que abrigam os profissionais responsáveis por adequar as novas tecnologias a objetos e ações que possam fazer parte do cotidiano do usuário.

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