quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Uma Retrospectiva do Design e o Contemporâneo

JOÃO HUGUENIN

    
    Desde o advento do design houve tentativas para associar ou conceituar o termo. Na atualidade, há muitas controvérsias geradas por fatores internos e externos, que indicam uma mudança na essência do design e representação de uma expansão do campo de atuação.
    Podemos observar a expansão da sua autonomia por meio dos novos processos materiais e tecnológicos aliando-se às demandas de sustentabilidade do planeta reforçada com o advento da Eco-92  e o compromisso gerado entre as nações signatárias da Agenda 21 Mundial. Observa-se também um conjunto de interdependência gerada pela integração de áreas diversas como a Bio e Nanotecnologia, Computação e Comunicação.
    Ao relembrar a historia do design, percebemos que inicialmente seus conceitos foram associados à forma e à função. O termo design surge atrelado à revolução industrial e com a evidente separação no trabalho de criação e o manufaturado, o “Fordismo”, de alguma forma, surgiu para diferenciar o design das artes.
    Nos anos 50 o discurso projetual central, baseou-se na produtividade, racionalização e na padronização. Paralelamente a este período, surgiu um conceito reducionista e estreito que ligava design ao visual e a forma como a coisa mais importante.
    Nos anos 60, houve uma crítica radical á sociedade de consumo.
    Nos anos 70, surge uma crítica a concepção universalista do design, o “bom design”.
    Nos anos 80, reviveu-se uma crítica ao racionalismo e ao formalismo, surgindo o neo-artesanato das pequenas séries com a valorização do tema onde o design deveria ser “FUN”, divertido.
    Nos anos 90, apresentam questões sobre a compatibilidade ambiental e a gestão do design, dando inicio ao desenvolvimento “sustentável”.
    Hoje, supõe-se que o objetivo do design, é essencialmente, promover comunicação, seduzindo ou satisfazendo esteticamente seu publico, criando novas conexões e comportamentos, mas em suma o design parece habitar o mundo das idéias e a partir daí, estabelece relação com o concreto, o emocional, o psicológico, o simbólico, o imaginário.
    Atualmente, no âmbito de nossa atividade profissional, verifica-se certa autonomia na medida, que se ampliam os modos de atuação e expressão, como conseqüência do uso de novos materiais, processos e tecnologia, que acabam por consolidar a nossa independência. Em contra partida, verifica-se com mais nitidez, a interdependência, gerada pela necessidade de integração com áreas diversas, tais como, marketing, computação, comunicação. E essa aparente ambigüidade entre autonomia e interdependência, representa diferentes faces da mesma coisa, ou seja, reflexos do contemporâneo. A liquidez do design permite a ele expressar-se em campos distintos como o teórico, o conceitual, o prático, o virtual e o concreto, e representa em tese, a grande diferença ou a grande vantagem, no que tange a sua manifestação junto à cultura contemporânea. A elasticidade ou plasticidade do design fica evidente, a partir da possibilidade de reconhecê-lo como expressão de uma idéia. As nossas criações impressionam os sentidos, alteram hábitos e comportamentos, ou seja, o social e o cotidiano, e para lidar com esse cotidiano, criam-se instituições, empresas, produtos, negócios, estratégias e planos e é neste cenário que se desenvolve a novidade.
    Concluindo, é no contemporâneo onde os espaços se ampliam, reconfiguram-se, fundem-se, tornando o “todo” formado por partes isoladas e o design aparece reconectando essas coisas. Surge como resultado da interação das partes. Este fato parece simples, mas, é extraordinário, essa é a complexa transformação sócio/econômico/cultural, mas, pouco percebida ou mal entendida por sempre associar-se o design essencialmente ao objeto, produto e ao econômico.

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