Design contemporâneo e o brasileiro

Por Mateus Albuquerque Rocha

Quando iniciei meu caminho no universo do design uma das coisas mais intrigantes para mim foi quando conheci um mundo visual bem diferente do que estava habituado. Conhecia um pouco de computadores e a partir da Internet descobri que existiam imagens e visuais diferentes do que via na televisão e nos filmes. Para um brasileiro, conhecer algo a mais que efeitos tridimensionais das vinhetas da Globo é algo ainda difícil. Dizem lá fora que  brasileiros são um dos povos mais criativos que existem e que produzem design e arte com muita originalidade. Já os brasileiros que aqui moram e que conhecem um mínimo das culturas pioneiras de design moderno e pós-moderno dizem que a maioria deste povo é "analfabeto visual". Bem, se somos, pra mim trata-se de uma escolha. Você pode ignorar um cartaz de Pierre Mendell, com sua sutileza e harmonia de composição. Pode duvidar de uma cadeira desconfortável dos irmãos Campana. Pode até desconfiar que um sujeito chamado Stefan Sagmeister tenha escrito em seu corpo os dizeres de um cartaz. Entretanto, não pode negar que a cultura visual da maioria dos brasileiros anda muito longe de reconhecer o verdadeiro valor de uma obra de design contemporâneo. Frente aos muitos papéis  de propaganda que circulam diariamente aos milhões nas ruas - peças gráficas feitas por quem acha que Duchamp é uma marca de xampu - somos apenas uma mísera parcela da sociedade que tenta "catequizar milhões de índios pop-mainstream". Claro que já evoluímos muito, e afinal de contas, exportamos mais designers para o exterior do que importamos tendência. Contudo, é triste ver como nosso país ainda se permite beber dessa água norte-americana publicitária que fingem matar nossas sedes de "visual" todos os dias nas telinhas. Quando pararmos de escutar e falar com nossos próprios pensamentos e idéias  teremos a tão sonhada "identidade nacional" construída solidamente e deixaremos de aceitar os enlatados de lá.